21.12.09

Avanços de Nuestra América

Jornal Correio do Brasil
 
Por Gilson Caroni Filho - do Rio de Janeiro

A crônica do ano de 2009 constitui um rico terreno a ser explorado pela lupa de historiadores e cientistas políticos. Tanto no Brasil, como no restante da América Latina, o cotidiano político produziu um rosário de fatos relevantes capaz de revelar o que se passa nas engrenagens das sociedades da região. No geral, as tendências democráticas acumularam forças, ampliaram o seu âmbito de influência em detrimento das velhas ordens carcomidas, consolidando e conquistando posições. Honduras foi a exceção, que de tão bizarra, confirmou a regra de uma América Latina que expressa, de maneira patente, sua vocação democrática.

O resultado das eleições bolivianas prova, com a própria dinâmica, que o movimento real, no sentido da democracia concreta, é sinuoso e se desenvolve desigualmente. A "velha toupeira" trabalha infatigável e a reafirmação da nova ordem política mostra um continente em que trabalhadores, camponeses e indígenas recuperam as forças perdidas em batalhas anteriores, demonstrando a robustez de movimentos sociais extremamente articulados.

Não foi outro o motivo que levou Evo Morales, falando do Palácio do Governo, na Praça Murillo, a afirmar que" essa vitória foi um aviso do povo a governos anti-imperialistas", agradecendo aos bolivianos por lhe dar a oportunidade de continuar a trabalhar para a eqüidade e a unidade no país sul-americano.

O líder aymara sabe que a condição para o avanço da democracia em seu país reside justamente na unidade e na abrangência das forças que o apóiam. Ambas -unidade e abrangência- serão imprescindíveis para resistir à ofensiva das oligarquias derrotadas, permitindo a formulação de novas alternativas econômicas, sociais e políticas.

Na Argentina, com a aprovação da Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, o governo de Cristina Kirchner confrontou a estrutura oligopolizada e a propriedade cruzada dos meios de comunicação. De acordo com o dispositivo legal, o setor privado poderá ter somente 33% das licenças do espectro radioelétrico, sendo o restante distribuído entre o Poder Público, as organizações sem fins lucrativos e as universidades. Tendo em conta a centralidade da grande imprensa no processo político, o ganho dos movimentos sociais com a medida é imenso.

Por aqui, a Conferência Nacional de Comunicação, convocada pelo presidente Lula, é, por si só, um avanço significativo. A mídia corporativa declara estar em curso um processo autoritário que, buscando "controlar a produção e distribuição de informação", objetiva ameaçar a liberdade de imprensa e o direito do cidadão à livre informação.

O famoso "diga-me com quem andas" não deveria ser lembrado quando vemos que a grita contra o encontro une alguns notáveis jornalistas a entidades como a ANJ e a Abert? Não vemos apenas a reação de hegemonias ameaçadas pela ação de um governo que, ainda que excessivamente cauteloso, ousou afrontar a produção de pensamento único?

Uma grita que perde qualquer sentido quando observada a composição tripartite da Confecom, seu caráter democrático e plural. Em jogo, mais que o poder político e o novo marco regulatório exigido pelas novas tecnologias, está a possibilidade de efetivação de um processo comunicativo horizontalizado, premissa básica de qualquer democracia

Por fim, foi na política externa que o bloco liberal-conservador sofreu outra derrota. A aprovação do ingresso da Venezuela no Mercosul, após duro embate entre governo e oposição no Senado, foi a vitória dos que apostam no Mercado Comum como espaço de integração. Apesar de ainda não terem superado incompreensões que obstaculizam ações unitárias, fundamentais para o enfrentamento de assimetrias, as forças progressistas da América Latina reiteram a opção pelo caminho sem volta de uma união soberana.

Estamos diante de um novo tipo de coordenação entre povos e Estados. Talvez fosse melhor falar em transição da transição. Um ponto de ruptura com a época em que o único sistema de coordenação possível era ditado pela Operação Condor. Uma conjuntura sombria onde as oposições burguesas mostraram o caráter mesquinho de seus supostos projetos de redemocratização. Os reais objetivos, sabemos todos, nunca passaram de tentativas mal dissimuladas de negociação com a ditadura, de melhores posições no jogo político montado para oprimir o povo.

São esses mesmos setores, com ar de vestais de republiqueta, que hoje que se opõem a Chávez, Lugo, Morales, Ortega, Kirchner, Lula e Correa. Continuam lutando por uma democracia depurada do elemento popular que a define. Não gostam apenas de paradoxos lógicos; amam retrocessos que levem a pactos intra-elites. Assim, a fragmentação da forças progressistas chilenas, que deu à direita uma vitória expressiva no primeiro turno das eleições presidenciais, deve servir como alerta ao campo democrático-popular brasileiro. Em 2010 não nos faltarão emoções fortes. Melhor evitar as desnecessárias.

Em tempo: Ao alterar o texto do julgamento do pedido de extradição de Cesare Battisti, o STF termina o ano aceitando chicanas de toda ordem, fato reconhecido até por ministros da Casa. É de Marco Aurélio Mello a constatação: "O que o governo da Itália pretende é uma virada de mesa".

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil.

http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=161298

23.11.09

Debate com Muhammad Yunnus

Núcleo de Estudos em Políticas e Economia Social - NEPES do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Serviço Social da PUCRS convida aos alunos e professores da Faculdade para um debate com Muhammad Yunnus (Nobel da Paz 2006 - "O banqueiro dos pobres") com o tema: Inovação: pobreza e economia. A atividade será no dia 25 de novembro, das 14h as 17h, na sala: 356 do prédio 15 da PUCRS
 
 
Debate com Muhammad Yunus (Nobel da Paz 2006 - "O banqueiro dos pobres")
 
Inovação: pobreza e economia
 
25 de novembro
14 as 17 horas
sala 356, prédio 15 da PUC/RS

30.10.09

hoje, dia 30, as 22h10

Nesta sexta-feira (30/10), às 22h10,

a TV Educativa do Paraná exibe mais uma

edição do Programa Projeto Popular.

 

Produzido, elaborado, e conduzido pelos movimentos sociais brasileiros,

o programa se dispõe a debater os grandes temas da sociedade mundial,

latino-americana e brasileira de forma interdisciplinar a partir do

movimento social brasileiro com vistas à elaboração de

um projeto popular de nação é o objetivo desse programa.

 

O programa nesta semana aborda a realização da I Conferencia Nacional de Comunicação.

 

Participam da discussão Elza de Oliveira (Professora da Universidade Positivo) e

Flora Neves (Professora do Departamento de Comunicação da Universidade Estadual de Londrina-PR e

membro da Comissão Organizadora da Conferencia Estadual de Comunicação).

 

 

O Programa Projeto Popular é exibido às sextas-feiras, sempre às 22h10.

 

A iniciativa é fruto da parceria dos movimentos sociais brasileiros com a TV Educativa do Paraná

(Canal 9 da TV aberta - somente naquele estado -, ou 115 da SKY).

 

 

Os programas também podem ser vistos pela internet:

 

http://www.aenoticias.pr.gov.br/tv-aovivo.php

ou

http://www.rtve.pr.gov.br/modules/programacao/tv_ao_vivo.php

 

Informações:    projetopopular@quemtv.com.br

 

26.10.09

dia 28, quarta, 19h30 - palestra gratuita

O CEPDH (Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos), de Caxias do Sul, comemora em 2009 seus 25 anos.

E, dando continuidade a uma série de palestras já promovidas em 2009, será realizada no próximo dia 28 de outubro, quarta-feira, às 19hs30min, no auditório da Faculdade da Serra Gaúcha, a palestra SEGURANÇA PÚBLICA E DIREITOS HUMANOS, com o advogado Dr. Jacques Alfonsin. Esta palestra tem a parceria da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG).


Segue folheto eletrônico da palestra abaixo.
CEPDH - Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos

22.10.09

pedido de solidariedade - Manifesto em defesa do MST

Manifesto em defesa do MST

para ler e assinar:


Manifesto em defesa do MST

Contra a violência do agronegócio e a criminalização das lutas sociais

As grandes redes de televisão repetiram à exaustão, há algumas semanas, imagens da ocupação realizada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em terras que seriam de propriedade do Sucocítrico Cutrale, no interior de São Paulo. A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de vandalismo.

Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela Justiça. Trata-se de uma grande área chamada Núcleo Monções, que possui cerca de 30 mil hectares. Desses 30 mil hectares, 10 mil são terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil são terras improdutivas. Ao mesmo tempo, não há nenhuma prova de que a suposta destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.

Na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários desejando produzir alimentos.

Bloquear a reforma agrária

Há um objetivo preciso nisso tudo: impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola – cuja versão em vigor tem como base o censo agropecuário de 1975 – e viabilizar uma CPI sobre o MST. Com tal postura, o foco do debate agrário desloca-se dos responsáveis pela desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito do povo. A revisão dos índices evidenciaria que, apesar de todo o avanço técnico, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva quanto seus donos alegam e estaria, assim, disponível para a reforma agrária.

Para mascarar tal fato, está em curso um grande operativo político das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social brasileiro, o MST. Deste modo, prepara-se o terreno para mais uma ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira.

O pesado operativo midiático-empresarial visa isolar e criminalizar o movimento social e enfraquecer suas bases de apoio. Sem resistências, as corporações agrícolas tentam bloquear, ainda mais severamente, a reforma agrária e impor um modelo agroexportador predatório em termos sociais e ambientais como única alternativa para a agropecuária brasileira.

Concentração fundiária

A concentração fundiária no Brasil aumentou nos últimos dez anos, conforme o Censo Agrário do IBGE. A área ocupada pelos estabelecimentos rurais maiores do que mil hectares concentra mais de 43% do espaço total, enquanto as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7%. As pequenas propriedades estão definhando enquanto crescem as fronteiras agrícolas do agronegócio.

Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2009) os conflitos agrários do primeiro semestre deste ano seguem marcando uma situação de extrema violência contra os trabalhadores rurais. Entre janeiro e julho de 2009 foram registrados 366 conflitos, que afetaram diretamente 193.174 pessoas, ocorrendo um assassinato a cada 30 conflitos no primeiro semestre de 2009. Ao todo, foram 12 assassinatos, 44 tentativas de homicídio, 22 ameaças de morte e 6 pessoas torturadas no primeiro semestre deste ano.

Não violência

A estratégia de luta do MST sempre se caracterizou pela não violência, ainda que em um ambiente de extrema agressividade por parte dos agentes do Estado e das milícias e jagunços a serviço das corporações e do latifúndio. As ocupações objetivam pressionar os governos a realizar a reforma agrária.

É preciso uma agricultura socialmente justa, ecológica, capaz de assegurar a soberania alimentar e baseada na livre cooperação de pequenos agricultores. Isso só será conquistado com movimentos sociais fortes, apoiados pela maioria da população brasileira.

Contra a criminalização das lutas sociais

Convocamos todos os movimentos e setores comprometidos com as lutas a se engajarem em um amplo movimento contra a criminalização das lutas sociais, realizando atos e manifestações políticas que demarquem o repúdio à criminalização do MST e de todas as lutas no Brasil.


Ana Clara Ribeiro
Ana Esther Ceceña
Boaventura de Sousa Santos
Carlos Nelson Coutinho
Carlos Walter Porto-Gonçalves
Claudia Santiago
Claudia Korol
Ciro Correia
Chico Alencar
Chico de Oliveira
Daniel Bensaïd
Demian Bezerra de Melo
Fernando Vieira Velloso
Eduardo Galeano
Eleuterio Prado
Emir Sader
Gaudêncio Frigotto
Gilberto Maringoni
Gilcilene Barão
Heloisa Fernandes
Isabel Monal
István Mészáros
Ivana Jinkings
José Paulo Netto
Lucia Maria Wanderley Neves
Luis Acosta
Marcelo Badaró Mattos
Marcelo Freixo
Maria Orlanda Pinassi
Marilda Iamamoto
Maurício Vieira Martins
Mauro Luis Iasi
Michael Lowy
Otilia Fiori Arantes
Paulo Arantes
Paulo Nakatani
Plínio de Arruda Sampaio
Reinaldo A. Carcanholo
Ricardo Antunes
Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira
Roberto Leher
Sara Granemann
Sergio Romagnolo
Virgínia Fontes
Vito Giannotti

21.10.09

Câmara sedia exposição 'Terra' de Sebastião Salgado

Fotografias retratam a realidade do Movimento Sem Terra

Reproduções de imagens do fotógrafo Sebastião Salgado podem ser conferidas no espaço cultural da Câmara até o dia seis de novembro. Os 32 quadros de fotografias, em preto e branco, fazem parte da exposição 'Terra' - Em solidariedade ao Movimento dos Sem Terra.

As fotos retratam os movimentos e assentamentos ocorridos, a luta de um povo em busca de terra no Brasil entre os anos 1980 e 1996.

Os quadros iniciam com um texto de José Saramago e as poesias Levantados do Chão e Assentamento de Chico Buarque.

As exposições na Câmara são parte de um projeto do Centro de Memória da Casa, que ainda pretende trazer uma mostra dedicada ao poeta Castro Alves.

EXPOSIÇÃO:

Terra: Fotografias de Sebastião Salgado

Período: 19/10 a 06/11 Horário: 08h às 19h

Local: Espaço Cultural Mário Crosa, da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul

15.10.09

sexta, 22h10

Programa Projeto Popular

Nesta sexta-feira (16/10), às 22h10, a TV Educativa do Paraná exibe mais uma edição do Programa Projeto Popular.

Produzido, elaborado, e conduzido pelos movimentos sociais brasileiros, o programa se dispõe a debater os grandes temas da sociedade mundial, latino-americana e brasileira de forma interdisciplinar a partir do movimento social brasileiro com vistas à elaboração de um projeto popular de nação é o objetivo desse programa.

O programa nesta semana aborda a influência da publicidade para crianças e adolescentes.

Participam da discussão a advogada Tamara Gonçalves (Instituto Alana) e Pietra Rassi (especialista em marketing).

O Programa Projeto Popular é exibido às sextas-feiras, sempre às 22h10. A iniciativa é fruto da parceria dos movimentos sociais brasileiros com a TV Educativa do Paraná (Canal 9 da TV aberta - somente naquele estado -, ou 115 da SKY).

Os programas também podem ser vistos pela internet:

http://www.aenoticias.pr.gov.br/tv-aovivo.php                           ou

http://www.rtve.pr.gov.br/modules/programacao/tv_ao_vivo.php

Informações:    projetopopular@quemtv.com.br

8.10.09

"Tiro ao alvo", por José Antonio Somensi (Zeca)

 

Tiro ao alvo.

Duas imagens de acontecimentos nas últimas semanas continuam povoando a minha mente e acabam com que eu faça algumas digressões.

O corpo do trabalhador rural Elton Brum da Silva (+21/08/09) estendido numa maca de metal no Instituto Médico Legal com as costas marcadas pelas balas vindas de uma espingarda calibre 12 durante uma manifestação me leva a pensar na dificuldade histórica que se tem na realização da reforma agrária no país. Não conseguimos realizá-la quando da Proclamação da República nem mesmo durante o favorável período de industrialização do país a partir dos anos de 1950. Hoje enquanto nossa economia se firma com um pé no agronegócio exportador, alguns governantes, partidos políticos identificados com o latifúndio e a grande mídia criminalizam os movimentos sociais em especial o MST e criam dificuldades para não permitir que haja a atualização dos índices de produtividade no campo defasados em no mínimo 40 anos. Aqui fazemos uma pequena observação: embora não tenha a vivência do campo, mas percebendo a evolução técnica da indústria, por analogia essa evolução também ocorreu no campo, talvez em menor escala, o que por si só justifica um novo índice, mas se não bastasse este aspecto, digamos subjetivo, usamos então dados estatísticos.

Segundo dados divulgados pelo IBGE o Censo Agropecuário de 2006 mostra um aumento na concentração de terra no Brasil nos últimos 10 anos que estão sendo utilizados principalmente para soja e criação de gado com uso abusivo de agrotóxicos e desmatamento sem critério cabendo as pequenas propriedades por garantir a segurança alimentar através do plantio dos produtos que compõem a cesta básica dos brasileiros, bem como a contratação de trabalhadores (mais de 80% dos trabalhadores rurais). À medida que estes dados começam a chegar para a população fica cada vez mais difícil apresentar argumentos contra a reforma agrária restando força bruta, a violência, a manipulação de informações, o aparato de seguranças privados, segurança pública para garantir a propriedade privada e a espingarda. Balas neles. (Nota: No dia 05/10/09 a imprensa mostrou que o MST invadiu uma área da Fazenda Capim e destruiu alguns pés de laranjas, mas esqueceu ou não quis informar que estes pés de laranja e parte da fazenda estão nas terras da União, ou seja a Sucocítrico Cutrale dona da Fazenda Capim usa a terra de forma irregular, pratica a grilagem destas terras. Paralelo a isso o governador de São Paulo José Serra em entrevista disse que o MST procura criar confusão na sociedade e busca um mártir, justificando de antemão uma ação mais violenta por parte da polícia paulista nas questões de terra.)  

A cabeça de um assaltante do Rio de Janeiro transpassada por um tiro de espingarda (?) efetuado por um atirador de elite mostrado praticamente ao vivo e depois amplamente divulgada pelos telejornais e programas que exploram a exaustão casos de violência – principalmente na periferia nos mostra a situação da violência na cidade. Sabemos que a violência tem aumentado de forma muito rápida nesta nossa sociedade individualista e consumista e que as desigualdades sociais continuam a atormentar a população. Falar de violência é sempre desafiador porque se não sofremos diretamente com ela conhecemos alguém próximo que já sofreu algum tipo de violência, seja roubo, agressão física, coação, no trânsito e quando não é isso tem aqueles que nos acusam de que defendemos os direitos humanos porque em ultima análise é para proteger bandido. Somos sim defensores da vida, achamos que ninguém deve tirar a vida de ninguém, nem do assaltado, nem do assaltante porque não é essa solução como mostram os resultados em países onde a pena de morte é legal. Embora reconhecendo que uma parte da violência não tem sua origem na pobreza onde muitos assaltos e crimes são realizados por pessoas que não passam fome, tem casa para morar, boa escolaridade -não confundir com boa educação-, tem família, não podemos deixar de admitir que a principal causa é a desigualdade social (econômica, educacional, racial, cultural...) fruto da falta de interesse dos governos em assumir a responsabilidade de cumprir a Constituição quando assumem seus cargos eletivos. Lembramos aqui as palavras do bispo de Abaetetuba – Pará – Dom Flávio Giovenale que diz que não devemos ser ingênuos tratando os bandidos só com flores, mas o símbolo da paz é uma pomba que para voar precisa de duas asas; uma asa é a repressão ou seja, uma polícia melhor equipada, melhor remunerada, menos corrupta, com um judiciário trabalhando e fazendo cumprir as leis; outra asa é a prevenção, os direitos que todos os cidadãos precisam ter para que possam sentir sua cidadania plena.(IHU 13/01/2008)

Pode ser coisa de minha cabeça mas acredito que existam semelhanças entre a morte do Elton Brum da Silva e do Sérgio Ferreira Pinto Júnior (+25/09/09 - esse era o nome do assaltante morto em Vila Isabel). Colocar a culpa nos Eltons e Sérgios é fácil e justificar que não precisa invadir terras, nem roubar é tranquilizador para nós porque estamos no lado de cá. Tal como na era medieval ficamos em praça pública vibrando com a morte dos outros, exigindo aos gritos a execução destes selvagens, como se essa nossa ação não fosse também uma selvageria. Vejo nestes dois casos a tentativa de forma subliminar talvez, de apresentar para a sociedade que a solução para estes problemas sociais seja uma pena de morte não oficial, portanto inconstitucional, que seja preciso eliminar ou ‘neutralizar’ (Carolina Maria Médici) quem está atrapalhando sem precisar mudar o ‘status quo’ que vivemos. A violência, como nos lembra o padre Gilnei Fronza não tem saída individual, precisa de ações conjuntas e é preciso querer enfrentar o problema. Aqueles que não querem têm outras propostas: Reforma agrária? Bala neles! Trabalho, salário, moradia, terra, saúde, educação? Bala neles! Pomba da paz? Bala nelas! Simples, não?

José Antonio Somensi (Zeca)

7.10.09

Programa Projeto Popular

9 de outubro – sexta-feira

22h10

TV Educativa do Paraná

 

Nesta sexta-feira (09/10), às 22h10, a TV Educativa do Paraná exibe mais uma edição do Programa Projeto Popular. Produzido, elaborado, e conduzido pelos movimentos sociais brasileiros, o programa se dispõe a debater os grandes temas da sociedade mundial, latino-americana e brasileira de forma interdisciplinar a partir do movimento social brasileiro com vistas à elaboração de um projeto popular de nação é o objetivo desse programa.

 

O programa nesta semana aborda a relação do ser humano com a mídia.

 

Participam da discussão os jornalistas Denise Cogo e Sérgio Gadini.

 

O Programa Projeto Popular é exibido às sextas-feiras, sempre às 22h.

 

A iniciativa é fruto da parceria dos movimentos sociais brasileiros com a TV Educativa do Paraná (Canal 9 da TV aberta - somente naquele estado -, ou 115 da SKY).

 

Os programas também podem ser vistos:

 

- Canal 9 da TV aberta (no estado do Paraná)

 

- Canal 115 da SKY

 

- Pela internet:   

http://www.aenoticias.pr.gov.br/tv-aovivo.php

ou

http://www.rtve.pr.gov.br/modules/programacao/tv_ao_vivo.php

 

Informações: projetopopular@quemtv.com.br 

 

16.9.09

texto de Pedro Casaldáliga

14.09.09 - AMÉRICA LATINA E CARIBE
 
Agenda Latinoamericana: Salvemo-nos com o Planeta

Dom Pedro Casaldáliga *

À maneira de introdução fraterna

Vinte anos atrás tratavam de ecologia umas poucas pessoas, tachadas inclusive de bucólicas ou de derrotistas. Não era um tema sério nem para a política nem para a educação nem para a religião. Podia-se venerar a Francisco de Assis como santo das flores e dos pássaros, mas sem maior compromisso.

Agora, e quem sabe se tarde demais, o mundo inteiro está-se sensibilizando, atordoado pelas notícias e pelas imagens de cataclismos atuais e de previsões pessimistas que enchem os nossos telediários. E já são muitos os congressos e os programas que ventilam como um tema vital a ecologia, desnudando as causas e urgindo propostas concretas acerca do meio ambiente. Até as crianças sabem agora de ecologia...

O tema é novo, então, e desesperadamente urgente. Acabamos por descobrir a Terra, nosso Planeta, como a casa comum, a única que temos, e estamos descobrindo que somos uma unidade indissolúvel de relações e de futuro.

Frente aos gastos astronômicos nos espaços siderais, frente ao assassino negócio do armamentismo, frente ao consumismo e luxo de uma privilegiada parcela da Humanidade, agora vamos sabendo que o desafio é cuidar deste Planeta. A última grande crise, filha do capitalismo neoliberal, embrutecido na usura e o esbanjamento, que vem ignorando cinicamente tanto o sofrimento dos pobres como as limitações reais da Terra, está-nos ajudando a abrir os olhos e esperamos que também o coração. Leonardo Boff define O grito da Terra como o grito dos pobres e James Lovelock nos avisa acerca da 'A vingança da Terra', -a teoria de Gaia e o futuro da Humanidade-. "Durante milhares de anos, diz Lovelock, a Humanidade vem abusando da Terra sem ter em conta as consequências. Agora, que o aquecimento global e o cambio climático são evidentes para qualquer observador imparcial, a Terra começa a se vingar". Estamos tratando a Terra como um assunto apenas econômico e exigimos da Terra muitos deveres, mas ignoramos os direitos da Terra.

Certos especialistas e certas instituições internacionais nos vêm mentindo. A mão invisível do Mercado não resolvia o desastre mundial. Quanto mais livre era o comercio mais real era a fome. Segundo a FAO, em 2007 havia 860 milhões de famintos; em janeiro de 2009 cento nove milhões mais. A metade da população africana subsahariana, por citar um exemplo dessa África crucificada, mal vive na extrema pobreza. A ladainha de violência e desgraças provocadas é interminável. No Congo há 30.000 meninos soldados dispostos a matar e a morrer a troco de comida; 17% da floresta amazônica foram destruídos em cinco anos, entre 2000 e 2005; o gasto da América Latina e do Caribe em defesa cresceu um 91%, entre 2003 e 2008; uma dezena de empresas multinacionais controla o mercado de semente em todo o mundo. Os Objetivos do Milênio se evaporaram na retórica e em suas reuniões elitistas os países mais ricos dizem covardemente que não podem fazer mais para reverter o quadro.

É tradição da nossa Agenda enfrentar a cada ano um tema maior, de atualidade quente. Não podíamos, logicamente, deixar de lado este tema vulcânico.

O tema é amplo e complexo. Somos nós ou é o Planeta quem está em crise mortal? Baralhamos três títulos para esta Agenda 2010 que apontam para possíveis focos. "Salvar o Planeta", "Salvaremos o Planeta?", "Salvemo-nos com o Planeta". Optamos pelo último título, porque técnicos e profetas nos vêm recordando que nós somos o Planeta também; somos Gaia, estamos despertando para uma visão mais holística, mais integral; estamos descobrindo, finalmente, que o Planeta Terra é também o Planeta Água. Um recente livro infantil intitula-se precisamente Ajudo ao meu Planeta. A salvação do Planeta é a nossa salvação, e não faltam especialistas que afirmem que o Planeta vai-se salvar seguindo o curso do Universo e, entretanto, a vida humana e todas as vidas do Planeta serão um sombrio passado.

A Agenda não quer ser pessimista, não pode sê-lo. Quer ser realista, se comprometer com a realidade e abraçar vitalmente as causas que promovem uma ecologia esperançada e esperançadora.

Essa ecologia profunda, integral, deve incluir todos os aspectos da nossa vida pessoal, familiar, social, política, cultural, religiosa... E todas as instituições políticas e sociais, em nível local, nacional e internacional, têm de fazer programa seu fundamental "a salvação do Planeta". É imprescindível uma globalização de signo positivo, trabalhando pela mundialização da ecologia. Rechaçando e superando a atual democracia de baixa intensidade urge implantar uma democracia de intensidade máxima e, mais explicitamente, uma "biocracia cósmica". Urge criar, estimular, potenciar, em todas as religiões e em todos os humanismos uma espiritualidade "profunda e total" de signo positivo, de atitude profética na libertação de todo tipo de escravidão; vivendo e militando por uma nova valoração de toda vida, da matéria, do corpo, do eros. O ecofeminismo sai ao encontro de um desafio fundamental, Gaia é feminina. Impõe-se uma nova relação com a natureza, naturalizando-nos como natureza que somos e humanizando a natureza na qual vivemos e da qual dependemos. Eu sou eu, diria o filósofo, e a natureza que me circunda.

O melhor que tem a Terra é a Humanidade, apesar de todas as loucuras que temos cometido e seguimos cometendo, verdadeiros genocídios e verdadeiros suicídios coletivos.

Propiciando essa mudança radical que se postula e proclamando que é possível outra ecologia em outra sociedade humana, fazemos nossos estes dois pontos do Manifesto da Ecologia Profunda: "A mudança ideológica consiste principalmente em valorizar a qualidade da vida -de viver em situações de valor intrínsecas- mais do que tratar incessantemente de conseguir um nível de vida mais elevado. Terá que se produzir uma tomada de consciência profunda da diferença que há entre crescimento material e o crescimento pessoal independente da acumulação de bens tangíveis". E acrescenta o Manifesto: "Quem subscreve os pontos que se enunciam no Manifesto tem a obrigação direta ou indireta de agir para que se produzam estas mudanças, necessárias para a sobrevivência de todas as espécies do Planeta", incluindo «a santa e pecadora» espécie humana.

Militantes e intelectuais comprometidos com as grandes causas estão preparando uma Declaração Universal do Bem Comum Planetário que se expressa através de quatro pactos: 1) O Pacto ecológico natural, responsável de proteger a Terra. 2) O Pacto ecológico social, responsável de unir todas as esperanças e vontades. 3) O Pacto ecológico cultural, que deve estar baseado na promoção do pluralismo, da tolerância e do encontro da Humanidade com os ecossistemas, os biomas, a vida do Planeta. 4) O Pacto ecológico ético espiritual, fundado na dimensão do cuidado, a compaixão, a corresponsabilidade de todos com tudo.

Devemos escutar o que nos dizem simultaneamente as novas ciências e as novas teologias. Queremos viver este kairós ecológico de militância e de mística com o Deus de todos os nomes e de todas as utopias.

Com Jesus de Nazaré muitos libertários, profetas e mártires em Nossa América nos precedem e nos acompanham nesta marcha pelo deserto para "a Terra sem Males".

É uma utopia absurda? Só utopicamente nos salvaremos. A arrogância dos poderes, o lucro desenfreado, a prepotência, as claudicações, vêm a nos desanimar; mas nós nos negamos ao desânimo, à corrupção, à resignação. A Pacha Mama e Gaia estão vivas, são vivificadoras. Nenhuma estrutura de morte terá mais poder que a Vida.

Pedro CASALDÁLIGA


* Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia

11.9.09

Programa Projeto Popular - sexta, 11/09, 22h10

O Programa Projeto Popular desta sexta-feira - dia 11 de setembro - as 22h10, traz o debate sobre a situação da agricultura brasileira.
 
Os entrevistados são Frei Sérgio Gorgen (Via Campesina / Movimento dos Pequenos Agricultores) e Julian Perez (Campanha Terminar Terminator).
 
O Programa Projeto Popular é exibido pela TV Educativa do Paraná, todas as sextas-feiras, às 22h10. Pode ser assistido também pela Sky - canal 115.
 
ou
PELA PARABOLICA
 

19.8.09

Participe da Conferência de Comunicação

 

O que a Conferência de Comunicação tem a ver com você? Quando assistimos televisão ou ouvimos o rádio não sabemos que qualquer canal só pode veicular determinado conteúdo porque tem uma concessão pública. Mas o que significa ser uma concessão pública? Significa que os canais de televisão e rádio pertencem ao povo brasileiro e que para que uma empresa queira explorá-lo comercialmente precisa de autorização do estado, que é quem toma conta dos bens coletivos do povo. Em outras concessões públicas, como transporte coletivo, por exemplo, todo o serviço prestado é voltado ao interesse do cidadão e quando ele não funciona todo mundo pode reclamar para que o serviço mude! No caso das TVs comerciais, como Globo, SBT, Record, Band e Rede TV , que de acordo com a lei deveriam veicular principalmente conteúdos educativos, culturais, artísticos e informativos, isso simplesmente não acontece! Eles fazem o que querem com a prog ramação televisiva e o cidadão não tem a chance nem de avaliar, nem de reclamar para que as coisas mudem. Além disso, há uma śerie de irregularidades cometidas por esses canais, que muitas vezes violam direitos humanos e a própria lei que regulamenta seu funcionamento. A Conferência traz a chance da sociedade dizer como devem funcionar essas concessões públicas.

Outra questão importante: você tem internet em casa? Na escola? No Telecentro? Num mundo em que cada dia mais a informação é parte fundamental da vida, a internet torna-se um recurso de primeira necessidade. Ter acesso à informação e se comunicar são direitos do cidadão. É dever do Estado garantir que todo mundo possa acessar e produzir conteúdos para se informar e se comunicar. Como garantir esse acesso? Como garantir condições para que os cidadãos possam distribuir os conteúdos que produzem? Esses também são debates que passam pela Conferência.

O futuro também já chegou. É celular que toca música, é computador que passa filme, é televisão que vai virar computador. Nesse encontro de tecnologias, que chamamos de convergência, ninguém sabe ao certo de que forma podemos utilizar todas essas inovações a serviço do cidadão, garantindo o acesso universal ao conhecimento, e à produção de conteúdo. Como organizar todo o caminho que vai da produção de conteúdo, passando pela forma como ele será distribuído e recebido é outro tema sobre o qual os participantes da I Conferência Nacional de Comunicação.

Portanto, a I Conferência Nacional de Comunicação é um momento em que toda a sociedade se reúne para definir as diretrizes e ações que o poder público (prefeitos, vereadores, deputados estaduais, deputados federais, ministros, presidente, juízes, promotores, etc) deve ter como prioridade no setor de Comunicação. É um momento muito especial de participação popular na definição das políticas públicas. Por isso é fundamental se inteirar e participar de todas as atividades relacionadas à Conferência na sua cidade. Procure a Comissão Estadual de onde você mora e participe!

Acesse http://proconferencia.org.br para mais informações.

16.8.09

minissérie da TV Brasil estreia no dia 31 de agosto

ERA DAS UTOPIAS

Sinopse:

'Era das Utopias' é uma minissérie de seis episódios divididos em três temas: 'Utopia Socialista', 'Utopia Capitalista' e 'Novas Utopias'.

O termo 'utopia' ainda é indefinido para a grande maioria, algo que remete ao sonho, ao ideal, ao mais alto grau de civilização de uma sociedade, porém sempre como impossível de ser alcançado.

Ela está presente na economia, na política, na religião e, mais recentemente, nas questões do meio ambiente. Em suma, está inserida dentro de nossas vidas. Tão intrinsecamente que todos temos nossos devaneios utópicos. E são estes sonhos que queremos trazer à tona, levantando o debate e a expressão utópica de cada indivíduo.

'Qual sua utopia?' é a pergunta que vai guiar a nova minissérie da TV Brasil, dirigida pelo cineasta Silvio Tendler.

'Era das Utopias' estreia no dia 31 de agosto, às 20h30.

Saiba mais sobre a nova minissérie da TV Brasil, que estreia no dia 31 de agosto.

http://www.tvbrasil.org.br/eradasutopias/

 

TV Brasil: www.tvbrasil.org.br, em "clique e assista ao vivo"

13.8.09

CONVITE

Convidamos a todos/as os/as associados/as a participar de uma atividade da ACREDISOL no próximo dia 15 de agosto, sábado, às 18 horas, no Centro de Formação Pastoral, durante a 6 etapa da Escola de Formação Fé Política e Trabalho.

Favor confirmar presença na atividade, enviando mensagem para: acredisol@gmail.com ou através dos telefones:

Barão: Gilmar – (51) 3696.2042
Bento Gonçalves: Aldoir – (54) 3451.3669
Carlos Barbosa: José – (54) 99286880
Caxias do Sul: Adamoli – (54) 9981.0599
Fernanda – (54) 9944.3113 / 3027.7794
Nilso – (54) 3025.4050 / 9146.6678
Farroupilha: Mosar – (54) 3268.5703
Garibaldi: Fábio – (54) 9603.5317
Renato – (54) 3462.3287
Nova Prata: Pe.Valdemar – (54) 3242.1477
Vacaria: Romeu – (54) 8423.3423

8.7.09

urgente - cancelada feira em Santa Maria

Infelizmente, devido a uma ação judicial, foi cancelada a 5ª Feira de Economia Solidária do Mercosul, e as demais atividades, que ocorreriam nos dia 10, 11 e 12 de julho de 2009, na cidade de Santa Maria. 
 
 
Cartaz da feira que foi cancelada:

30.6.09

11 de julho - sábado

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Viagem a Santa Maria -
5ª Feira de Economia Solidária do MERCOSUL

11 de julho - sábado
saída às 5h30 de Caxias do Sul (em frente a Catedral), e retorno às 18h
Custo da passagem: R$ 50,00
(informando nome completo e número do CPF ou RG)

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10 de julho, 18h30

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Reunião da ACREDISOL / RS
(Associação de Microcrédito Popular e Solidário)

10 de julho - sexta-feira
18h30
Igreja Santo Antonio, em Bento Gonçalves
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12.6.09

Feira discute microcrédito

Feira discute microcrédito

Objetivo é orientar empreendedores

Caxias do Sul – De hoje a domingo, Caxias do Sul recebe o projeto Feiras Itinerantes de Microfinanças e Economia Solidária, que promove o crédito para pequenos empreendedores urbanos e apresenta empreendimentos bem-sucedidos.

No largo da antiga Estação Férrea, haverá comercialização de produtos da economia solidária da região, atendimento e orientação sobre microcréditos e microfinanças, palestras e orientações sobre garantias, valor dos juros, formas e prazos de pagamentos e itens financiáveis.

- O que: Feira Itinerante de Microfinanças e Economia Solidária
- Quando: de hoje a domingo
- Horário: hoje, das 12h às 21h, sábado, das 9h às 21h e domingo, das 10h às 18h
- Onde: no largo da antiga Estação Férrea, em Caxias do Sul
- Promoção: Associação de Empreendimentos Solidários do Rio Grande do Sul – Emrede
 
 
 

29.5.09

Primeiro banco comunitário do Rio Grande do Sul

29/5/2009
 
Primeiro banco comunitário do Rio Grande do Sul será lançado neste sábado. Entrevista especial com Eduardo Vivian da Cunha
 
Será inaugurado, neste sábado, o primeiro banco comunitário do Rio Grande do Sul. Localizado numa das regiões mais pobres de São Leopoldo, ele surge com um papel ousado, mas que, baseado em outras experiências parecidas, pode dar muito certo. Com o objetivo de promover o desenvolvimento local, introduzindo uma moeda própria, o banco comunitário será gerenciado pelos próprios moradores da região oeste da cidade, que abrange os bairros São Miguel, Vicentina, Paim e São João Batista. "É uma das regiões mais carentes de São Leopoldo", explicou o técnico Eduardo Vivian da Cunha, que encabeçou o projeto junto com a Associação Amigos em Ação.

Eduardo contou à IHU On-Line, numa entrevista realizada pessoalmente, como se constitui um banco comunitário e quais os planos para o projeto que está sendo lançado em São Leopoldo. "A pessoa que possui problema de crédito na praça não terá, necessariamente, dificuldade para
fazer empréstimo num banco comunitário. Com isso, este acaba promovendo uma lógica de vizinhança, de comunidade, porque obriga as pessoas a se conhecerem", destacou.

Eduardo Vivian da Cunha é engenheiro químico, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É mestre e doutor em Administração, pela Universidade Federal da Bahia, onde atualmente é técnico de projetos de Economia Solidária. Na Unisinos, atua como técnico em cooperativismo no programa Tecnologias Sociais para Empreendimentos Solidários.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que é um banco comunitário?

Eduardo Vivian da Cunha – O banco comunitário é um instrumento para a promoção do desenvolvimento local. Ele é baseado na lógica da Economia Solidária, portanto segue princípios como os da cooperação, solidariedade, geração de trabalho e renda, mas sob outra ótica. Esses são elementos que trabalhamos no programa Tecnologias Sociais para Empreendimentos Solidários aqui na Unisinos. Para a promoção do desenvolvimento local, o banco comunitário tem alguns instrumentos específicos e algumas formas de agir típicas 
da Economia Solidária. Há uma experiência que é muito emblemática no Brasil e serve de exemplo para muitos: o Banco Palmas. Ele fica em Fortaleza, no Ceará, num bairro chamado Palmeiras. Existe muito material na internet sobre ele. Lembro até de um Globo Repórter que fez uma reportagem sobre esse banco, ao falar de geração de renda.

IHU On-Line – Quais as principais diferenças de um banco comunitário para um banco tradicional?

Eduardo Vivian da Cunha – Ele se chama banco porque lida com a questão financeira, mas no jeito de operar ele é muito diferente do banco tradicional. Em primeiro lugar, o banco comunitário é autônomo. O proprietário dele é a comunidade, que gerencia fundos e recursos. Além disso, ele lida com a questão do microcrédito a partir de uma outra lógica. O dinheiro que o
banco comunitário tem é usado para fomentar a geração de trabalho, renda e consumo, atuando diretamente no desenvolvimento local. São pequenos empréstimos que a pessoa faz para negociar e consumir. No entanto, a forma de liberação de crédito é diferente. No banco convencional, existe uma burocracia própria, se consulta o SPC, o Serasa etc. No banco comunitário, os cuidados para empréstimo segue uma lógica de vizinhança. Para liberar o microcrédito, a vizinhança é consultada, ou seja, pessoas que conhecem quem quer fazer o empréstimo. Portanto, pede-se o aval da comunidade. A pessoa que possui problema de crédito na praça não terá, necessariamente, dificuldade para fazer empréstimo num banco comunitário. Com isso, este acaba promovendo uma lógica de vizinhança, de comunidade, porque obriga as pessoas a se conhecerem.

IHU On-Line – E quem trabalha no banco agirá de que forma para conversar com a comunidade sobre um ou outro cidadão que precisa dos serviços do banco comunitário?

Eduardo Vivian da Cunha – Nós os chamamos de agentes de crédito. Eles recebem a solicitação e, em determinado dia da semana, visita a pessoa, quem ela indicou, enfim, faz um apanhado da vida financeira dela para ver em que medida o banco pode ajudá-la. Esse aspecto envolve menos o julgamento do que o que um banco comum pode fazer em relação a uma pessoa. Muitas vezes, esta vai ao banco pedir uma coisa e ele acaba sugerindo outras coisas, porque percebe algumas dificuldades. Então, o
banco comunitário pode contribuir com ideias que irão ajudar mais do que a pessoa pensava.

IHU On-Line – E quem pode usufruir do banco comunitário?

Eduardo Vivian da Cunha – Como o
banco é comunitário, ele está situado numa região. Neste caso, está ligado aos bairros São Miguel, Vicentina, Paim e São João Batista, na região oeste de São Leopoldo. Então, o público-alvo do banco são as pessoas da comunidade. Esse é o primeiro critério. Fora isso, existe uma lista de critérios para realizar o empréstimo para a pessoa, como ser maior de idade, ser morador desta região há mais de um ano, ter referências na vizinhança, e assim por diante. Esses critérios foram criados pelo Comitê Gestor do banco comunitário.

IHU On-Line – Quais as peculiaridades da zona oeste de São Leopoldo para receber o banco comunitário?

Eduardo Vivian da Cunha – Como o papel é a promoção do desenvolvimento, normalmente ele se situa na região mais vulnerável da cidade. Nesta região, há uma criminalidade grande, principalmente na região da Vicentina e Paim. O índice de pessoas ajudadas por programas assistenciais é maior. É uma das regiões mais carentes de São Leopoldo.

IHU On-Line – Como o Comitê gestor foi eleito?

Eduardo Vivian da Cunha – O projeto foi feito junto com uma associação da comunidade e, ao pensarmos num banco comunitário, concluímos que ele deveria ser, portanto e obviamente, o mais comunitário possível. Então, deveria envolver as pessoas da comunidade, ou seja, elas deveriam "tocar" o banco. Estou como técnico do projeto, mas meu papel é o de ajudar a crescer. Depois, posso até me manter vinculado de alguma forma, mas não estarei à frente do projeto. Foram feitas reuniões abertas para toda a comunidade divulgando o projeto. A partir disso, perguntamos quem queria se envolver no projeto, pois um comitê gestor estava sendo formado. Quem quis se envolver está dentro do projeto. O comitê gestor está definindo os critérios para se ter acesso aos serviços do banco, assim como também as às linhas de crédito que ele irá oferecer a partir da realidade da região. O comitê também vê a questão da moeda social.

IHU On-Line – E a comunidade que não está no comitê, mas quer se envolver, pode, por exemplo, investir no banco?

Eduardo Vivian da Cunha – Boa questão. As pessoas podem se envolver a qualquer momento, pois as reuniões são sempre abertas. Também podem ser usuários, pedindo empréstimos etc. No entanto, investir fazendo depósitos depende de um marco legal. Hoje, um banco comunitário não possui uma instituição jurídica própria e está vinculado a uma associação, não tendo, portanto, CNPJ... Então, ele precisa se constituir legalmente para receber investimentos, além de precisar ser uma cooperativa de crédito. Não é qualquer marco que permite isso. É uma dificuldade dos bancos comunitários. Existe, inclusive, uma discussão grande sobre o marco nacional de um banco comunitário. Este funciona com muita dificuldade porque não existe uma lei que ampare e permita seu fucionamento, por isso não podem receber depósitos. A maioria dos bancos comunitários do país são associações, que não podem receber depósitos. Esse é um horizonte para trabalharmos no
banco comunitário. Ele pode se constituir numa cooperativa de crédito ou como agente bancário. Assim, teríamos um banco comunitário que funciona como correspondente de outro banco.

IHU On-Line – Como isso vocês mostram, num momento de crise financeira, que uma outra economia é possível...

Eduardo Vivian da Cunha – Exato. Eu estava olhando uma entrevista que a Folha de S. Paulo fez com um economista belga, Bernard Lietaer, que participou da constituição do Euro. Ele fala justamente sobre essa questão, estudando a questão das moedas complementares na Europa. Fez comentários sobre o Banco Palmas e as experiências de bancos comunitários no Brasil. Diz ainda que o que tem visto na Europa e no Brasil é que os bancos comunitários agem num processo anticíclico. Ou seja, quando acontece uma crise, a moeda oficial se torna mais escassa e há uma redução da atividade econômica, o que faz com que as pessoas busquem mais a moeda social, que acaba crescendo e tapando o furo da crise. Então, ela é o processo anticíclico da crise e ajuda a manter as pessoas em períodos de crise.

IHU On-Line – Como funciona a moeda social?

Eduardo Vivian da Cunha – Ela é um elemento muito forte nos bancos comunitários. É uma moeda constituída localmente pelos moradores da região e que circula só nesse espaço. O papel dela é permitir que a riqueza fique o maior tempo possível dentro daquela região, pois, se ela é aceita só ali, a comunidade precisa comprar num mercadinho do bairro, e quem recebe a moeda social tem condições de aumentar sua produção, gerar postos de trabalho. Uma irá ajudar o outro. O papel da moeda social também é promover o desenvolvimento social. Existe pouca poupança líquida naquela região, e a moeda social contribuiu para o aumento disso.

5.5.09

Vamos à Feira de Economia Solidária do MERCOSUL?

A Escola de Formação Fé, Política e Trabalho, em conjunto com a ACREDISOL / RS (Associação de Microcrédito Popular e Solidário) está organizando uma viagem para participar da Feira de Economia Solidária do MERCOSUL, grande evento que acontece em Santa Maria, conforme podes conferir abaixo.

Vamos sair de ônibus de Caxias do Sul, no dia 11 de julho, sábado, às 5h30m, com saída em frente à Catedral e retornaremos de Santa Maria, às 18h do mesmo dia. O valor da passagem está em torno de R$ 50,00. Caso conseguirmos lotar o ônibus, talvez o valor fique um pouco menor. A alimentação fica a cargo de cada um.
Para maiores informações pode ser usado o endereço eletrônico da Cáritas: caritascaxias@yahoo.com.br, ou pelo endereço eletrônico da ACREDISOL: acredisol@gmail.com.

Para a inscrição precisamos do nome completo com um documento de identidade (RG ou CPF).
Vamos repassando a informação!

Cáritas - Caxias do Sul
www.caritascaxias.blogspot.com

ACREDISOL / RS
www.acredisol.blogspot.com


É com muita alegria que saudamos à todos/as e lhes lançamos um importante Convite para os EVENTOS DO COOPERATIVISMO e da ECONOMIA SOLIDÁRIA DO BRASIL, do MERCOSUL e da AMÉRICA LATINA:

FEIRA DE ECONOMIA SOLIDÁRIA DO MERCOSUL

16ª FEICOOP - FEIRA ESTADUAL DO COOPERATIVISMO

8ª FEIRA NACIONAL DE ECONOMIA SOLIDÁRIA

MOSTRA DA BIODIVERSIDADE e FEIRA de AGRICULTURA FAMILIAR

SEMINÁRIO LATINO AMERICANO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA

CAMINHADA INTERNACIONAL E ECUMÊNICA PELA PAZ

"O MAIOR EVENTO DO COOPERATIVISMO ALTERNATIVO DO RS,

DO BRASIL E DA AMÉRICA LATINA "

DATA: 10 a 12 de Julho de 2009 - SANTA MARIA - RS - BRASIL
LOCAL: Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter
Rua Heitor Campos, s/nº - Bairro Medianeira - Santa Maria - RS - BRASIL

Para contatos:
PROJETO ESPERANÇA/COOESPERANÇA

Rua Silva Jardim, 1704 - 97.010-490 – Santa Maria - RS

Telefone: 55 3219-4599/ 3223-0219

projespcooesp@terra.com.br

www.esperancacooesperanca.org.br