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2.5.11

Políticas de governo e encaminhamentos marcaram encerramento de Seminário

Durante o período da tarde no Seminário "Práticas associativas no Desenvolvimento Social", três representantes do Governo do Estado apresentaram as diretrizes e políticas governamentais nos três eixos que perpassaram o encontro: economia solidária, cooperativismo e redes de cooperação.

A primeira a falar, Nelça Nespolo, da Secretaria de Economia Solidária e Apoio a Micro e Pequena Empresa, destacou que o Governo gaúcho trabalha com diversas ações para fomentar e promover a economia solidária no Estado. Entre elas, está a criação de um selo e a certificação de empreendimento de economia solidária, revisão tarifária, assistência técnica, regularização por meio de lei estadual, para a economia solidária.

Nelça também anunciou o apoio a cinco cadeias produtivas ligadas a essa forma de economia. A primeira delas seria das garrafas Pet, que atinge 2,5 mil trabalhadores no Estado, ligados a associações e cooperativas de catadores. “Isso significa trabalhar as quatro etapas do reaproveitamento do Pet, que hoje se restringe a coleta e prensa do material (1ª etapa). Pensamos em ampliar a cadeia para criar o Flake (plástico picotado – 2ª etapa), que depois vai se tornar fibra sintética (3ª etapa) para a confecção de tecido (4ª etapa)”, explicou ela.

Depois, foi a vez de Gervásio Plucinski, representante da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, apresentar as políticas governamentais. Segundo ele, o Estado pretende dar condições de viabilidade econômica para as cooperativas, através de linhas de crédito, Fundopem específico, programa de incentivo fiscal nos moldes do Simples, além da criação de um fundo para avalizar financiamentos.

Ele também ressaltou o apoio a qualificação na gestão das cooperativas e o monitoramento para que elas não “morram” por problemas de administração. “A relação que a secretaria quer construir com as cooperativas é de parceria”, reforçou Gervásio.

Por fim, o representante da Secretaria Estadual do Desenvolvimento e Promoção do Investimento, José Carlos Ferreira Gomes, apresentou o plano de governo para readequação do programa de Redes de Cooperação, criado há 11 anos e que deve voltar a funcionar dentro de um mês. Conforme ele, o programa oferece metodologia específica para a formação das redes; assessoria durante todo o processo; capacitação gerencial; e planejamento em conjunto.

Gomes destacou que entre as vantagens das Redes de Cooperação, estão negociações mais vantajosas, facilidade de crédito e redução de custos e riscos. “Benefícios que os grandes têm, os pequenos podem ter também. O problema não é ser pequeno, mas sim ser sozinho”, sentenciou.

Educação diferenciada

Após a manifestação dos representantes do Governo do Estado, aproximadamente dez pessoas fizeram considerações sobre o Seminário. O destaque foi para a “educação”. Segundo os participantes, educar os integrantes das atividades associativas – e a sociedade em geral – é fundamental para que as associações e cooperativas ganhem visibilidade e força.

No entanto, a professora Dora Seibel (participante do seminário) destacou que esta educação precisa servir para a consciência ambiental e para o trabalho coletivo. “É preciso que seja uma educação pelo social, pela cooperação. Ela precisa ser uma educação transformadora, diferente da convencional com a qual estamos acostumados”.

Ao final do encontro, o grupo firmou o compromisso de buscar, junto ao Governo do Estado, oportunidades para oferecer cursos de capacitação para agentes que trabalham com os cooperativados. A ideia é que sejam feitos cinco cursos, no período de um ano.

Além disso, será formada uma equipe que discutirá os desafios que se colocam para os trabalhos e grupos associativos. Este grupo deverá, também, buscar formas de melhorar a relação entre as associações e cooperativas já existentes.

O Seminário “Práticas associativas no desenvolvimento social” foi promovido pela Acredisol, com apoio da Cáritas de Caxias do Sul, Sesc/RS, Centro de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos (CEPDH) e Escola de Formação Fé, Política e Trabalho. Uma nova edição do evento deverá ser realizada em 2012.

Textos: Jeferson Ageitos e Lucas Guarnieri / Edição: Lucas Guarnieri
Fotos: Ezequiel Milicich Seibel

Seminário da ACREDISOL destaca experiências associativas

Durante o Seminário "Práticas associativas no Desenvolvimento Social", realizado durante todo o sábado, no teatro do SESC, foram apresentadas três experiências de grupos associativos que fazem da união em grupo e da cooperação pilares para o desenvolvimento sustentável das localidades nas quais vivem e progresso dos trabalhadores que investem tempo e força de trabalho nestas atividades.


O primeiro a falar foi Alceu Dalle Molle, integrante da cooperativa Nova Aliança. Ele destacou que a iniciativa surgiu da junção de cinco cooperativas vinícolas da região da Serra Gaúcha. Hoje, são mais de 800 associados que produzem, principalmente, sucos e vinhos.


Dalle Molle explicou que as bases da Nova Aliança estão firmadas na cooperação, na sustentabilidade e, principalmente, na valorização dos produtores e da produção ecologicamente correta. “O modelo cooperativista é perfeito. Mas precisamos atualizar nossos processos de gestão e a estrutura produtiva, que hoje é muito dispersa e tecnologicamente defasada”, destacou.


Gilmar Bellé, da Associação dos Agricultores Ecologistas de Ipê e Antônio Prado (Aecia), disse que, ao longo dos 15 anos de existência da cooperativa, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo grupo foram as constantes mudanças nas legislações tributárias. Mesmo assim, o grupo soube superar dificuldades.

Atualmente, a Aecia tem 22 famílias associadas e participa de feiras nos municípios de Caxias do Sul, Canoas e Porto Alegre. Além disso, vende alimentos ecológicos para o Estado de São Paulo. “Hoje, a Aecia tem reconhecimento nacional. Nosso principal desafio é conscientizar as pessoas para aderirem à produção ecológica”, afirmou.

O último a falar foi Leandro Andrighetti, da Cooperativa de Produção e Consumo Solidário Passo Fundo. Segundo ele, a Cooper Ecosol – que hoje tem seis anos de existência – surgiu da organização coletiva de pessoas interessadas em comprar produtos orgânicos diretamente dos produtores.

Em 2006, a Cooperativa montou uma loja para a comercialização de produtos. Hoje, mais de 200 diferentes itens são oferecidos no local. “Acreditamos que assim podemos dar mais visibilidade ao consumo consciente e responsável. Nosso desafio é pagar um preço justo aos produtores e oferecer preço acessível aos consumidores”.

O padre Gilnei Fronza, assessor da Acredisol, esteve na coordenação do painel de apresentação de experiências. Ao encerrar os trabalhos, ele destacou que iniciativas como estas três mostram a força do cooperativismo na região e fazem acreditar na eficácia de outras formas de organização do trabalho, diferentes das que valorizam o capital em detrimento do trabalhador.

Texto: Jeferson Ageitos / Edição Lucas Guarnieri
Fotos: Ezequiel Milicich Seibel